quarta-feira, 11 de março de 2015

Procrastinador

Pro.cras.ti.na.ção (subst.masc.) - O hábito de executar tarefas menos urgentes ou mais prazerosas a tarefas mais urgentes ou menos prazerosas.

Sim, sou um procrastinador. É meu grande medo, minha grande vergonha. Meu maior foco não está em finalizar projetos, mas em começá-los. Tenho pelo menos uma dúzia que começou e nunca andou mais do que alguns passos.

Não é prazeroso terminar um projeto? Sim, é ótimo, é sentir-se mais próximo da divindade, do criador, de segurar o fruto do trabalho em suas mãos e quase gritar "Parla!". Mas o procrastinador é um medroso, quase um covarde. É portador de uma ansiedade ímpar. Este não é ansioso por ver o final, por chegar logo ao objetivo, por cumprir sua tarefa; é exatamente o contrário. Sua ansiedade brota dos fantasmas que o assombram. E se o projeto falhar? E se minha arte for ruim? E se rirem de mim? E se... ? Talvez em algum ponto perdido do passado isso tenha acontecido. Talvez seja um trauma mal explicado de infância (crianças são cruéis, não duvide). Talvez seja uma leve percepção falha de que o resultado não será o esperado. E, muito pior, ainda existe o medo do sucesso (!), onde um projeto bem sucedido, um elogio, uma promoção geram a expectativa (absurdamente exagerada, diga-se de passagem) de que o trabalho futuro deverá ser sempre acima do passado, sem exceção.

De algum tempo para cá, tenho refletido mais profundamente nestes princípios. Querem saber? É tudo bobagem.

O medo é um tigre de papel, é o homem atrás da cortina. Uma vez dissipado, não passa de um reles rato (para os que não tem medo de ratos...). O procrastinador é muitas vezes uma pessoa inteligente, que tem facilidade para aprender coisas novas. Infelizmente, este não aprende um simples fato: cumprir a tarefa, terminar o projeto, mandar o e-mail que está a dois dias no rascunho, tudo isso demora menos de cinco minutos, evapora a pressão, traz o alívio imediato, só necessita de um pingo ínfimo de força de vontade.

Cinco minutos. Meia dúzia de cliques. Duas linhas de código. Um breve e-mail. Um post com uma imagem. É disso que temos medo? É contra isso que temos que lutar?

Certa vez, sentindo o peso da tarefa não cumprida, do terror iminente, da imbecilidade da minha dificuldade, escrevi em um caderno: "cada dia é uma batalha". Até este momento, eu não terminei aquela frase. "Cada dia é uma batalha contra nós mesmos".

Não mais temerei o que virá. Não mais temerei o fracasso, pois é ele que nos ensina. Fracassarei melhor. Não mais temerei a chacota, a humilhação, ou fazer a coisa certa. Somente temerei ficar parado, ver o tempo se esvair enquanto não produzo o que devo, o que quero, o que sonho. O medo é o assassino da mente.



(este post será expandido em seu devido tempo)

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