quarta-feira, 18 de março de 2015

Opiniões quânticas

Creio que a maioria deva conhecer o experimento clássico do Gato de Schrödinger: um gato está em uma caixa, com um aparelho que pode matá-lo instantaneamente, e que é acionado por um evento aleatório. Não temos como saber se o gato está vivo ou morto, e depois de algum tempo podemos interpretar que o gato poderia estar ao mesmo tempo vivo e morto.

(eu não sou tão simpático ao experimento descrito desta maneira, o gato só está lá por ser um exemplo mundano de algo que pode estar em um estado ou outro; poderíamos chegar no mesmo resultado utilizando uma lâmpada acesa/apagada; mas continuemos)

Conversando com alguns pais no final de semana sobre as crianças acreditarem em coelho da páscoa (a época é propícia, mas acho que o mesmo se aplica a papai noel & cia), cheguei a conclusão de que a opinião de uma criança muitas vezes está neste estado de superposição: apesar de as evidências serem claras, de haver a suspeita dos pais serem a mão por trás dos presentes recebidos, ainda existe aquela fagulha de magia, aquela dúvida, aquele "será mesmo?" da curiosidade infantil. Sem perguntar, sem observar, não temos como ter certeza.

E assim como alguns fenômenos de natureza quântica, a mera observação destes pode alterar o estado do sistema. Perguntar para uma criança: "você ainda acredita em papai noel?" já dá evidência suficiente para que o pequeno tire sua conclusão e altere o estado de sua crença. Perguntar algo para uma criança gera muito mais do que afirmar algo. O pequeno já interpreta o tom, as palavras, a ocasião e constrói um pensamento bem mais complexo do que imaginamos.

Uma frase que eu costumava manter por perto dizia algo assim: "Quando em dúvida entre duas coisas, simplesmente jogue uma moeda. Tanto faz o resultado dela: assim que estiver no ar, você estará torcendo para um dos lados."

Em resumo, sigo apoiando a máxima de que o verdadeiro sábio não está cheio de respostas, mas sim cheio de perguntas. Elas trazem muito mais do que aparentam.

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